A Tati me passou esse texto, retirado da coluna "Controle Remoto", do jornal O Globo:
Na revista americana "Foreign Policy" saiu um enorme artigo sobre novelas na América Latina. O gênero é definido pela produtora colombiana Patricia Wills como "um casal que passa 200 capítulos querendo se beijar enquanto o autor não permite que isso aconteça". Leia mais aqui.
Quer uma definição mais perfeita de o que é uma novela (e alguns seriados)?
Postado por:Andreh Hora:4:16 PM |
23.11.05
QUANTO VALE O MEU BLOG?
Aproveitei que achei isso e fiz uma avaliação do ISAC, avaliei também esse esforço coletivo de ser uma ilha de pensamento crítico e diversão inapropriada. Quanto vale o nosso Quadradinho? Vale uns bons tostões:
AMIGO NESCAU - Energia que dá gosto! AMIGO BOMBRIL - 1001 utilidades. AMIGO PONTO FRIO - O bonzão! AMIGO CASAS BAHIA - Dedicação total a você. AMIGO TODDINHO - Companheiro de aventuras. AMIGO TENAZ - Só descole se for capaz. AMIGO SPRITE - Imagem não é nada. AMIGO REDBULL - e dá asas. AMIGO BRAHMA - O número 1. AMIGO NIKE - Just do it. AMIGO HAVAIANAS - Todo mundo usa. AMIGO TELEFÔNICA CELULAR - A sua melhor companhia. AMIGO C&A - Abuse & Use! AMOGO FREE - Cada um na sua, mas com alguma coisa em comum. AMIGO CLOSE-UP - Fale de perto. AMIGO AVANÇO - Você usa, elas avançam. AMIGO MAISENA - Você mexe e ele engrossa. AMIGO ENGOV - Te dá um trato na bebedeira. AMIGO TELESCÓPIO - Te faz ver estrelas. AMIGO PILHA - Te deixa ligadão! AMIGO WOLKSWAGEM - Você conhece, você confia!
Em qual categoria você se encaixa?
Postado por:Andreh Hora:12:01 PM |
8.11.05
CURIOSIDADES
É impressionante nos dias de hoje quando visitamos o Palácio de Versailles em Paris e observamos que o suntuoso palácio não tem banheiros. Quem passou por esta experiência ficou sabendo de coisas inacreditáveis.
Na Idade Média, não existiam os dentifrícios, isto é, pastas de dentes, muito menos escovas de dentes ou perfumes, desodorantes muito menos e papel higiênico, nem pensar... As excrescências humanas eram despejadas pelas janelas do palácio...
Quando paramos para pensar que todos já viram que nos filmes aparecem pessoas sendo abanadas, passam desapercebidos os motivos. Em um país de clima temperado, a justificativa não era o calor, mas sim o péssimo odor que as pessoas exalavam, pois não tomavam banho, não escovavam os dentes e não usavam papel higiênico e muito menos faziam higiene íntima. Os nobres eram os únicos que podiam ter súditos que os abanavam, para espalhar o mau cheiro que o corpo e suas bocas exalavam com o mau hálito, além de ser uma forma de espantar os insetos.
Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria no mês de junho (para eles, o início do verão). A razão é simples: o primeiro banho do ano era tomado em maio; assim, em junho, o cheiro das pessoas ainda estava tolerável. Entretanto, como alguns odores já começavam a ser exalados, as noivas carregavam buquês de flores junto ao corpo, para disfarçar. Daí termos maio como o "mês das noivas" e a origem do buquê de noiva explicada.
Os banhos eram tomados numa única tina, enorme, cheia de água quente. O chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na água limpa. Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os bebês eram os últimos a tomar banho. Quando chegava a vez deles, a água da tina já estava tão suja que era possível "perder" um bebê lá dentro. É por isso que existe a expressão em inglês "don't throw the baby out with the bath water", ou seja, literalmente "não jogue o bebê fora junto com a água do banho", que hoje usamos para os mais apressadinhos...
Os telhados das casas não tinham forro e as madeiras que os sustentavam eram o melhor lugar para os animais - cães, gatos e outros, de pequeno porte, como ratos e besouros - se aquecerem. Quando chovia, começavam as goteiras e os animais pulavam para o chão. Assim, a nossa expressão "está chovendo canivetes" tem o seu equivalente em inglês em "it's raining cats and dogs" = está chovendo gatos e cachorros. Para não sujar as camas, inventaram uma espécie de cobertura, que se transformou no dossel.
Aqueles que tinham dinheiro possuíam pratos de estanho. Certos tipos de alimento oxidavam o material, o que fazia com que muita gente morresse envenenada - lembremo-nos que os hábitos higiênicos da época não eram lá grande coisa... Os tomates, sendo ácidos, foram considerados, durante muito tempo, como venenosos.
Os copos de estanho eram usados para beber cerveja ou uísque. Essa combinação, às vezes, deixava o indivíduo "no chão" (numa espécie de narcolepsia induzida pela bebida alcoólica e pelo óxido de estanho). Alguém que passasse pela rua poderia pensar que ele estava morto, portanto recolhia o corpo e preparava o enterro. O corpo era então colocado sobre a mesa da cozinha por alguns dias e a família ficava em volta, em vigília, comendo, bebendo e esperando para ver se o morto acordava ou não. Daí, surgiu a vigília do caixão.
A Inglaterra é um país pequeno e nem sempre houve espaço para enterrar todos os mortos. Então, os caixões eram abertos, os ossos tirados e encaminhados ao ossário e o túmulo era utilizado para outro infeliz. Às vezes, ao abrir os caixões, percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo. Assim, surgiu a idéia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento de seu braço faria o sino tocar. E ele seria "saved by the bell", ou "salvo pelo gongo", expressão essa por nós usada até os dias atuais.
Postado por:Andreh Hora:12:08 AM |
1.11.05
O PODER DO ARMÁRIO
Parece que, depois do referendo sobre o comércio de armas de fogo, o próximo assunto a monilizar o Brasil é o beijo gay na novela-das-oito-que começa-às-nove!
Reza a lenda - porque eu não assisto essa novela - que na trama há uma personagem que está em séria crise existencial, mas parece que o rapaz se decidirá pelo Lado Rosa da Força e, de lambuja, ainda vai terminar feliz e sorridente ao lado de um cowboy que lhe quer fazer feliz! Ô, romance!
Acontece que reza outra lenda - rolando nas rádios-corredores de vários lugares - que há uma grande quantidade de mensagens de protesto chegando à emissora e à autora da novela. Ou seja, várias pessoas estão pedindo não apenas que o pobe mancebo se descubra/aceite como gay, como que ele não protagonize uma cena de beijo com o cowboy que lhe quer fazer feliz! Ô, polêmica!
Como o tema gay tem rondado por demais minha vida nos últimos dias, estava aqui especulando sobre o assunto...
Dia desses, por acaso, eu estava em casa passando roupa - coisa que eu DETESTO fazer - com a televisão ligada num canal qualquer, só pra fazer barulho mesmo. Numa das inúmeras mudanças de canal, acabei parando num programa popularesco e assistindo a um 'debate' sobre a polêmica do beijo gay. Eles até fizeram um 'mini-referendo' no programa, com propagandas contra e a favor do beijo gay na TV! Inclusive, houve uma votação popular pra decidir se um casal de homens poderia se beijar no palco do programa. Por uma margem pequena, o público favorável ao beijo gay ganhou (cerca de 55%) e os caras realmente se beijaram no palco, ao término do programa! Mas eu fiquei francamente incomodado. Não com o beijo, gente! Fiquei incomodado com a polêmica, com as opiniões das pessoas!
Não quero posar de super-liberal, ultra-moderno, antenadinho da Estrela. Nem posso: tenho uma série de restrições morais e valores tão retrógrados que assustam quando *eu* os expresso (sou contra o aborto, por exemplo). Só que eu realmente acho que, não só não há nada demais no relacionamento de pessoas do mesmo sexo, como também não acho nada ofensivo ou degradante que a televisão mostre isso.
O engraçado era ouvir as opiniões, sobretudo as contrárias.
Porque dois homens se beijando é feio e agressivo! Mas, sinceramente, é mais agressivo do que casais heterossexuais se esfregando e se bolinando nas ruas, parques, eventos, shoppings, lojas, praias etc.? É mais agressivo pra minha moral ver casos de corrupção, violência, abusos sexuais, imoralidade no Congresso, desvio de dinheiro público, mortes por besteiras... Eu acho que a agressividade da coisa só depende de quem faz, não da orientação sexual alheia. Pode parecer besteira, mas um casal homem-mulher se pegando numa esquina me agride muito mais que duas mulheres ou dois homens dando um selinho (ou um beijo mais lascivo).
Porque um casal de mulheres é algo anti-natural! Assim como era da natureza dos símios andar em 4 patas e - surpresa - olha nós aqui, BÍPEDES! Se não fosse algo natural, não haveria casos de bononos fêmeas juntas, nem de gansos machos juntos, nem de diversos outros animais que apresentam um comportamento diferente do padrão macho-fêmea que se quer crer ser o correto. Ok, todos podem dizer que os animais são irracionais, não têm consciência do que fazem nem sabe diferir o certo do errado. Acho que é justamente por isso - por não se possuírem valores nem o conceito de moralidade em si - que os animais que desenvolvem esses comportamento nos provam que isso é natural. A nossa forma de nos relacionar com o outro é uma contrução: estamos sempre aprendendo coisas novas, aprendemos ao longo da vida a nos portar e, é claro, a nos relacionar com a alteridade, mesmo no sentido romântico e/ou sexual. O fato de nós sermos animas também nos impele às relações sexuais de forma natural, só que não é isso que dita com quem vamos nos deitar. Ou o instinto também dita as suas formas de amar?
Porque mostrar um beijo gay na TV pode influenciar as criancinhas! Mas mostrar mulher pelada, gente se matando, gente passando os outros pra trás e se dando bem, maridos matando esposas, esposas matando maridos, sexo desenfreado e despreocupado, pais matando filhos, filohos matando pais, violências (assim mesmo, no plural) e uma falta total de escrúpulos e valores, enfim, isso tudo pode aparecer na TV. Mas o desenrolar da descoberta de uma identidade sexual que não é o padrão e um simples beijo entre duas pessoas do mesmo sexo não pode! Porque ver dois homens apaixonados um pelo outro é feio, é sujo, é agressivo, é errado demais, pode traumatizar uma criança. Ou, pior: pode fazê-la se questionar!! Até porque, a 'gayzice' é transmissível, tal qual uma epidemia! É exatamente por isso que, dentro de alguns dias, pelo contato que tenho com gays e lésbicas no meu trabalho e no meu círculo de amizade, eu vou ser gay também (ou lésbica, sei lá) e vou acabar contaminando também todo o resto do mundo que me cerca com a minha doença social identitária!
Porque o beijo gay ofende a instituição da família! Afinal, a família pode conviver com milhares de perversões que isso não a ofende, mas somente o beijo gay e a homossexualidade em si são fatores corrosivos para essa instituição. Ou seja, o fato de duas mulheres se amarem a tal ponto que resolvem viver juntas e crescer juntas e envelhecer juntas (às vezes cuidado de seus filhos) é algo muito mais corrosivo e imperdoável do que um casal convencional que maltrata seus filhos em nome da educação. Fora que, hoje em dia, o conceito tradicional de família já caiu por terra: há famílias sustentadas por mães, avós, filhos, tutores e que fornecem um exemplo muito melhor que outras compostas por papai-trabalhador + mamãe-dona-de-casa + filhinhos do casal.
Albert Einstein estava realmente certo ao afimrar que "é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito". Porque o preconceito está aí, na cabeça de todo mundo (inclusive na minha, quando me referi aos gays nesse texto como Lado Rosa da Força).
Acho que a melhor maneira de lidarmos com isso é justamente a exposição, o enfrentamento. Afinal, não permitir que dois homens se beijem na tela da TV, do cinema ou mesmo nas ruas é um retrocesso histórico e de mentalidade tão grande (e estúpido) que chega a assustar pelo seu teor de conservadorismo. Depois disso, o que teremos? Índios voltando a ser segregados? Negros voltando a ser proibidos (oficialmente) de usar entrada e elevador social? Mulheres proibidas de trabalhar?
A exposição é o melhor caminho: vencer pelo cansaço! Isso requer coragem, como teve Rosa Parks, Martin Luther King e várias outras pessoas/personalidades que se engajaram pacificamente na luta por uma mundo melhor, feito de pessoas melhores e mais tolerantes.
Que os rapazes da novela-das-oito-que começa-às-nove possam se beijar livremente, e sejam felizes! Mas que os autores, diretores e autores tenham o discernimento de mostrar isso de uma maneira bonita, e não vulgar. E que tenham também a coragem de ir mais longe do que outras novelas já foram (porque eu quero beijo apaixonado, e não estalinhos).
E que todos tenham a coragem para defender seu amor.