Eu até que sou uma pessoa corajosa. Não tenho medo da violência do Rio - obviamente não esse medo histérico que a maioria das pessoas têm, influenciadas pela realidade caótica que se apresenta aliada à paranóia coletiva que se vê na imprensa e na cabeça das pessoas.
Eu não tenho mais um medo irracional de elevador. Não tenho medo de aviões (mesmo nunca tendo pisado em um deles). Não tenho medo de alturas, mesmo as mais elevadas. Não tenho medo do escuro, de estar no escuro, de ficar no escuro, de andar no escuro. Não tenho medo de trânsitos infernais. Não tenho medo de ser alvejado por pombos e outros pássaros. Não tenho medo de sofrer acidentes de ônibus quando viajo de volta pras minhas casas. Nem tenho medo dos motoristas malucos que estão em qualquer lugar por aí, nem de maníaco-homicidas-estrupadores e outros freak shows que ambulam e perambulam por nossas ruas.
Não tenho medo de baratas, moscas mosquitos ou outros insetos, mas me preocupo com o efeito alérgico devastador que eles podem me proporcionar. Não tenho medos de animais, mesmo os mais malucos, embora eu sempre me sinta desconfortável na presença de cães e outros bichos que possam me morder.
Não tenho medo de morrer - apenas do modo como posso morrer: a perpectiva de uma morte dolorosa e/ou aflitiva me assusta deveras.
Eu aprendi que é o medo que nos impede de fazer certas coisas que poderiam ter conseqüências desagradáveis. Uma dose de medo de algumas coisas pode ser benéfica em diversas situações. Afinal, o medo é pedagógico!
Mas eu decidi que eu realmente preciso parar de sentir alguns medos. Faz-se necessário, para a minha própria saúde, sanidade e benefício, que eu pare de sentir medo de machucar as pessoas com minhas ações, pensamentos e palavras.
Sabem, nesses anos de vida, eu guardei muitas coisas pra mim. Não que eu não tenha sido sincero com as pessoas que amo, que me amam, que me cercam... mas eu estou me sentindo extremamente cansado por ter que estar sempre me vigiando, me censurando, escolhendo palavras, mascarando verdades, deixando de fazer ou viver coisas e fatos importantes pelo simples pavor que eu tenho de machucar alguém. A simples idéia de dizer meia dúzia de desaforos para alguém num momento de raiva e, assim, magoar o coração dessa pessoa, já produz em mim um terror tão assombroso que obriga minha mente a trabalhar num ritmo alucionado para produzir outras respostas.
O que eu preciso é deixar de ter medo de me soltar, abrir mão de certos códigos e valores e idéias que, no fundo, são benéficas a todos à minha volta exceto eu mesmo. Eu realmente não preciso assumir o papel de mártir. Eu não preciso nem ser bonzinho. Eu só quero estar feliz... e todos nós, a partir de agora, vamos ter que aprender a conviver com essas mudanças, porque a minha máscara de "camarada" acabou de sair de férias por tempo indeterminado.
Se é pra eu tomar contato com o que eu sinto, eu vou, doa a quem doer. Eu, realmente, já não aguento mais lidar com as dores do mundo e não ter ninguém para lidar com as minhas.
E, francamente, eu não preciso de conselhos, apenas de compreensão e carinho.
Postado por:Andreh Hora:11:43 AM |
24.8.05
PARTIDO
Com três punhais cravados em meu peito - Um deles, eu mesmo preparei - Eu morri Não morri por inteiro Mas algo, lá dentro, arrebentou Sem remendos Sem emendas E agora Esses três-quartos de pessoa Que me tornei, Este arremedo de gente, Segue a vida que segue Sem rumos Sem amarras Somente só!
Postado por:Andreh Hora:1:12 AM |
10.8.05
CLOSET
Uma emergente está mostrando para as amigas seu novo closet. Abre uma porta e aparecem dezenas de de sapatos.
- Aqui eu guardo minha coleção de sapatos Prada.
Ela abre outra porta:
- Aqui ficam as minhas bolsas Louis Vuitton.
Ela abre outra porta e mostra dezenas de vestidos pendurados:
- Aqui os meus vestidos Chanel, Armani, Dior...
Uma das amigas, curiosa, abre uma porta no canto do closet e lá dentro está um crioulo baixinho, todo espremido. Ela se assusta: