27.4.04

RAZÃO E SENSIBILIDADE Sabem quando você lê alguma passagem de um livro ou outro texto e aquilo te toca? Quando você lê ou vê algo que bate com as suas idéias e crenças? Ou que parece estar direcionado para você? No fim de semana, li o seguinte trecho de "Sobre Meninos e Lobos", de Dennis Lehane: Ela soprou a fumaça em direção ao varal vazio. "Esses sonhos bobos que se tem quando se é jovem. Quer dizer, você imagina Katie e Brendan Harris recomeçando sua vida em Las Vegas? Quanto tempo haveria de durar esse pequeno Éden? Talvez depois de sua segunda casa-trailer, ou de seu segundo filho, mas mais cedo ou mais tarde eles iriam cair na real: a vida não é feita de amanhãs promissores, de crepúsculos encantados e baboseiras como essas. É trabalho. A pessoa a quem você ama raramente é digna do grande amor que você lhe dedica. Porque ninguém é digno disso e talvez ninguém mereça o fardo que isso representa. Você vai ser abandonado. Você vai se decepcionar, vai ter sua confiança traída e vai comer o pão que o diabo amassou. Você perde muito mais do que ganha. Você odeia a pessoa amada na mesma medida em que a ama. Mas, merda, você arregaça as mangas e trabalha - em tudo - porque envelhecer é isso". "Annabeth", disse Sean. "Alguém já lhe disse que você é uma mulher dura?" Ela voltou a cabeça para ele, os olhos fechados, um sorriso sonhador nas faces. "O tempo todo". Passei o final de semana inteiro com as palavras de Annabeth (que Sean, ao conhecê-la, percebeu que carregaria o fardo da sabedoria que não desejava ter) na minha cabeça, pois reconheci sua dureza em mim, na minha vida. Mas não dá pra deixar de reconhecer as grandes parcelas de verdade que há nessas palavras. Pois, assim como não há tristeza que seja permanente, tabém não há felicidade eterna. A vida é feita de sacrifícios, de saber ceder, de abrir mão de certas coisas para que possamos ganhar também em outros aspectos. A gente se prende tanto ao que a gente quer, sonha, deseja... E é isso que nos faz ficar frustrados. Não custa nada ser um pouco mais realista. Não digo, com isso, que devamos matar nossos sonhos ou deixar de criar expectativas. Apenas gostaria que todos abríssemos mais os olhos para enxergar a vida como ela é: um mar de experiências, boas ou ruins. E que cabe a nós determinar como essas experiências, boas ou ruins, vão afetar a nossa existência. Postado por:Andreh Hora:10:38 AM |

20.4.04

ESPALHE O MEME 1. Pegue o livro mais próximo de você; 2. Abra o livro na página 23; 3. Ache a quinta frase; 4. Poste o texto em seu blog junto com estas instruções. "Não, senhor." [LEHANE, Dennis. "Sobre Meninos e Lobos"] Achei essa meleca no Fred e resolvi compartilhar... Postado por:Andreh Hora:10:20 AM |

16.4.04

CANTADAS PARA BARANGAS (1) Ela passa por você quando ela tiver de costas pra você grite bem alto: - Volta, volta, volta! Quando ela olhar pra trás toda feliz complete a frase: - Volta pro inferno demônio! (2) Quando três meninas estiverem andando na rua, você diz: - Olha as três graças: a sem graça, a desgraça e a nem de graça. (3) - Você tem fogo? - Sim. - Então cospe, DRAGÃO! (4) - Cuidado, minha filha! Mulher feia e urubu comigo é na pedrada! (5) - Olha, eu já vi alguns animais em decomposição, mas eu pensei que estivessem todos mortos! (6) - Você é mais feia que um banguelo gritando "Gol". (7) - Você não é feia. A sua beleza que é rara. (8) - O que aconteceu com você? Tacaram fogo e apagaram na paulada? (9) - Alguém já lhe disse que você é linda? Não? Mas é claro, quem conseguiria mentir tanto assim... (10) - Olha que broto... sauro. (11) - Você é bonita... Pena que está no planeta errado. (12) - Me dá seu telefone. - Pra quê? - Para eu nunca ligar, nunca, nem por engano! (13) - Você não é feia ... apenas nasceu diferente. (14) - Deus castiga, mas o que Ele fez contigo foi muita maldade. Postado por:Andreh Hora:10:20 AM |

5.4.04

SOBRE VALORES E COSTUMES (Voltando aos "paulistinhas endinheirados" e seus similares) Em 26/03/2004, postei aqui uma notícia que me deixou estarrecido (e que pode ser conferida na página da AOL: clique aqui), sobre o modo como têm se comportado os jovens paulistas que possuem muito dinheiro. Sinceramente, ao ler essa matéria, o que menos me importa é saber o quão tendencioso ou parcial foi o repórter. O que menos importa é saber que esses jovens são paulistas. O que menos importa é saber que talvez o autor da reportagem tenha inveja do estilo de vida dessa juventude. O fato importante a ser percebido nessa notícia, como em várias outras que vemos todos os dias, independente do "lugar" onde ela se produz, é que há uma degeneração absurda nos valores e comportamentos das pessoas hoje em dia, algo notado especialmente nos jovens. Não sou nem conservador, nem reacionário, mas acho realmente que antigamente tínhamos todos um referencial de valores e moral diferente e mais "elevado" do que atualmente. Porque hoje, ao que parece, as pessoas estando perdendo o respeito pelos outros e querendo se afirmar cada vez mais através de um tripé perigoso: status-violência-impunidade. O que há de comum entre esses "paulistinhas endinheirados" e os já chamados "pitboys" e "pitgirls" pode se resumir em apenas uma expressão: FALTA DE EDUCAÇÃO. E deve-se entender essa educação numa sentido muito amplo, que transcende os limites da educação formal da escola. É uma educação que compreende o respeito ao próximo, a aceitação das diferençaas, o respeito à cidadania e à civilidade, a apreciação de determinadas regras de conduta, a absorção de valores positivos norteadores do comportamento. A todos eles falta o bom senso para discernir o "certo" do "errado" (utilizados aqui com aspas porque são conceitos moldáveis). E porque isso acontece? Porque o mundo moderno têm desestruturado cada vez mais a unidade familiar. As famílias têm se mostrado cada vez menos funcionais no processo de formação do indivíduo. Pais têm se tornado mais ausentes e, com isso, se apresentam cada vez menos responsáveis pela educação de seus filhos. Com essa desatenção dos pais, as crianças crescem sem referenciais corretos. Para minimizar a sua desatenção, os pais (das classes médias altas para cima e, em alguns casos, de classes menores) tentam dar de um tudo ao filho: brinquedos, roupas, cursos, atividades, presentes. Mas, com isso, só introjetam nesse filho os valores do consumo. Cadê o amor? Cadê o carinho? Cadê a atenção? À essas pessoas que nada falta se dá uma certa noção de impunidade, pois tudo é contornado pelos seus pais. Os pais (des)educam seus filhos achando que estão os protegendo. Ao "passar a mão" na cabeça do filho que atropela um pedestre e foge sem dar auxílio, um pai não está defendendo o seu filho: está ensinando que ele pode encontrar proteção na impunidade tolerada e na (in)justiça paga. Ao incentivar a filha a menosprezar seus empregados, por serem pessoas diferentes, os pais acham que estão ensinando a ela sobre a diferença de classes e dos papéis dentro da sociedade, mas também a ensinam a discriminar, a recriminar e mesmo a punir com violência aquilo que lhe pare?a diferente do que ela aprendeu ser o correto. Os "pitboys", bem como os "mauricinhos" e "patricinhas" endinheirados que cometem as barbaridades que lemos todos os dias nos jornais (e não apenas na matéria da AOL) são, no fundo, pessoas vazias: eles podem ter todos os bens materiais que quiserem (e, nesse aspecto, nada lhes faltou), mas não têm o que realmente precisam, que é o arcabouço moral e um verdadeiro preenchimento emocional/sentimental. Se a culpa disso recai sobre diversos aspectos e instituições das nossas sociedades, uma das mais importantes a que se relaciona esse problema é a própria família. É nela em que o caráter e a personalidade de cada um começa a ser formada. E nela que se precisa processar a mudança de mentalidade de modo a distorções comportamentais como essa experienciada por essa "horda" possam ser corrigidas. Postado por:Andreh Hora:2:17 PM |